A dengue é uma doença causada pelo mosquito Aedes Aegypti e, este ano, enfrentando um aumento no número de casos. Com isso, os estados do Acre, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Distrito Federal decretaram situação de emergência em saúde pública.
Vacina
Existem duas vacinas disponíveis por enquanto no Brasil: a Qdenga, do laboratório japonês Takeda; e a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur.
A vacina Qdenga oferece proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. É uma vacina feita com o vírus vivo, indicada para população entre 4 e 60 anos, com aplicação por via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.
A vacina Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, é uma vacina tetravalente de vírus vivo atenuado, devendo ser administrada em 3 doses, com intervalo de 6 meses entre elas. É indicada para a faixa etária de 6 a 45 anos, além de ser recomendada somente para pessoas que já foram previamente infectadas pela dengue.
O esquema iniciado com uma determinada vacina, deverá ser completado com o mesmo produto, como regra geral.
O Brasil importou um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica responsável pela Qdenga, sendo que 757 mil doses já chegaram ao país em 20 de janeiro. O objetivo será aplicar a vacina na população de regiões endêmicas, em 521 municípios.
Apesar de já haver vacinas disponíveis para administração, o Ministério da Saúde reforça que a principal medida é a eliminação dos criadouros do mosquito. Ainda, informam que outra medida essencial e extrema importância é receber em suas casas e estabelecimentos comerciais os agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros.
Seguem abaixo algumas perguntas e respostas disponibilizadas pela Agência Brasil – ANVISA:
Quando começa a vacinação contra a dengue no SUS?
A previsão é que as doses comecem a ser distribuídas aos 521 municípios na próxima semana. Segundo o Ministério, as cidades têm liberdade para dar início à vacinação assim que as doses começarem a chegar. A organização das campanhas, incluindo datas, horários e pontos de vacinação, portanto, ficará a cargo dos governos estaduais e municipais. Será preciso conferir o cronograma com as prefeituras e as secretarias estaduais e municipais de saúde.
Quantas e quais são as vacinas contra a dengue aprovadas para uso no Brasil?
A Qdenga é a primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, só pode ser utilizado por quem já teve dengue. A Dengvaxia não foi incorporada ao SUS e é contraindicada para indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus da dengue em razão de maior risco de desenvolver quadros graves da doença.
Quem pode tomar a vacina pelo SUS?
Apesar de a bula da Qdenga indicar o imunizante para pessoas com idade entre 4 e 60 anos, o ministério anunciou que, no SUS, o público-alvo neste primeiro momento vai incluir apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo que concentra maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos. A decisão foi tomada em razão da quantidade limitada de doses a serem fornecidas pelo laboratório fabricante.
Quantas doses e com que intervalo deve ser aplicada a vacina?
O esquema completo da Qdenga é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar a dose. A recomendação, nesses casos, é especialmente indicada por conta da melhor resposta imune à vacina e também por ser uma população classificada como de maior risco para dengue grave. Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
Por que a vacina não é indicada para pessoas com mais de 60 anos?
Pessoas com mais de 60 anos não têm indicação para receber a dose em razão da ausência de estudos clínicos. Apesar disso, a Agência Europeia de Medicamentos e a Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica, agência regulatória argentina, aprovaram o uso de Qdenga a partir dos 4 anos sem limite superior de idade, considerando potenciais benefícios no grupo, mais suscetível às formas graves da doença. “Assim, a recomendação para indivíduos com mais de 60 anos deve ser encarada como uma indicação off label, a critério médico, respaldada pela aprovação por outras agências regulatórias, mas sem dados que atestem a segurança e a eficácia”, detalhou a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim).
Não estou entre o público prioritário. Como faço para tomar a vacina?
Quem está fora da faixa etária classificada como prioritária pela pasta deve procurar a vacina na rede particular. Neste caso, é preciso ficar atento, já que há dois imunizantes distintos no mercado: a Qdenga e a Dengvaxia. A segunda opção, entretanto, é indicada para a faixa etária de 6 a 45 anos e recomendada somente para pessoas que já foram previamente infectadas pela dengue.
Gestantes e lactantes podem tomar a vacina?
A Qdenga é contraindicada para gestantes e lactantes e, portanto, não pode ser administrada nem na rede pública, nem na privada. A dose também não é indicada para pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas e indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior. Mulheres em idade fértil e que pretendem engravidar devem usar métodos contraceptivos por um período de 30 dias após a vacinação.
A vacina também protege contra o Zika e o Chikungunya?
A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como Zika, Chikungunya e febre amarela. Vale lembrar que, para a febre amarela, no Brasil, estão disponíveis duas vacinas: uma produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), utilizada pela rede pública, e outra produzida pela Sanofi, utilizada pelos serviços privados de imunização e, eventualmente, pela rede pública.
Texto elaborado por Dra. Marcia Vlasman, Gerente Médica Corporativa, e Carla Guerra, Médica Infectologista, da Pronep Life Care
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