Como a pandemia causada pela Covid-19 afeta crianças com autismo

A quebra da rotina pode causar estresse e irritabilidade em portadores do transtorno. Especialista explica como acompanhar casos em casa.

As crianças com autismo ganham mais destaque na campanha Abril Azul, que tem foco na conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ainda mais importante em 2021.

O confinamento e o distanciamento social, causados pela pandemia de Covid-19, podem causar impactos na vida e bem-estar das crianças com autismo, transtorno que afeta o sistema nervoso, as habilidades sociais e comunicativas da criança prejudicando seu desenvolvimento.

Um estudo publicado pela Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro aponta que a mudança nos padrões de comportamento e rotina na vida do autista podem provocar casos de irritabilidade, intolerância e estresse.

Algumas crianças têm a tendência de se isolarem. Em geral, os autistas possuem resistência a mudanças.

O levantamento ressalta que neste cenário é importante que os profissionais que cuidam do portador de autismo tenham atenção à rotina. Listamos abaixo algumas dicas práticas elaboradas pela Dra. Marcia Vlasman, pediatra e gerente médica da Pronep Life Care.

Organize um quadro com as tarefas do dia

Registre por escrito ou por imagens (de acordo com o grau de entendimento), pode ser uma boa ideia. É importante que os pais preparem as crianças com autismo, de modo sutil, para inevitáveis mudanças.

Todos os cuidados em casa

Em meio ao atual contexto de agravamento da pandemia e medidas de distanciamento social mais rígidas, receber os cuidados de variados profissionais em domicílio é essencial.

“O home care oferece a vantagem do acompanhamento domiciliar, proporcionando aos pacientes e familiares maior adaptabilidade e adesão ao tratamento, uma vez que, para o autista, as mudanças de ambientes impactam de forma negativa”, lembra Márcia.

“A realização das terapias em casa pode ser benéfica para esses pacientes em virtude de estarem em seu próprio ambiente, além do tratamento não ser interrompido por razões quaisquer, como o agravamento da pandemia, algo que afeta os tratamentos realizados presencialmente”.

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Equipe multidisciplinar para o apoio e desenvolvimento

Diante da enorme abrangência do espectro autista, é necessário que os pequenos recebam cuidados individualizados e providos por uma equipe multidisciplinar composto por profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psicopedagogos, além de médicos.

Combinar o trabalho da equipe permite à criança desenvolver a autonomia e proporciona mais qualidade de vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, pessoas com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam outras condições concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

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O nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA é extremamente variável, estendendo-se de comprometimento profundo até níveis superiores.

Sobre o autismo

O transtorno afeta o sistema nervoso e as habilidades sociais e comunicativas da criança, o que pode prejudicar seu desenvolvimento. Embora os sintomas variem, pode ser identificado por alguns sinais que costumam ser comuns, como dificuldades com a linguagem, para interagir com outras pessoas e comportamentos repetitivos.

Atinge uma a cada 160 crianças em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e demanda dos pais e profissionais terapias visando o bem-estar e melhor desenvolvimento das crianças com autismo.

Sobre a Campanha Abril Azul

A campanha de conscientização reúne ações ao longo do mês, impulsionadas pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 abril), data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Neste ano, um dos focos da campanha é o espectro do autismo tendo em vista as suas variações, e volta a conscientizar a sociedade sobre o tema, ofuscado no último ano.

A cor azul foi escolhida porque o transtorno, em geral, acomete mais pessoas do sexo masculino, em uma proporção de quatro meninos para cada menina com o distúrbio.